segunda-feira, 19 de julho de 2010

INTRODUÇÃO

“Não queremos alunos que saibam de cor os mapas e os caminhos já conhecidos... para isto basta ter boa memória. Queremos alunos que, sabendo a “linguagem” dos mapas, sejam capazes de encontrar os caminhos em mapas que nunca viram” (ALVES, 2000, p. 22).

A idéia inicial que norteia o tema deste projeto parte de um possível diálogo entre a Língua Portuguesa e a Psicologia na Educação. A relevância deste tema está na importância de se relacionar educação com aspectos sociais, históricos, culturais, políticos, e principalmente de produção de subjetividade. Nesta interface entre a Psicologia Social e a Língua Portuguesa, relacionaremos temas como Educação, Língua Portuguesa, produção de subjetividade, cidadania e vestibulares no intuito de discutir problemas na educação brasileira como um ensino pouco voltado para a produção de um pensamento crítico e muito aplicado para o vestibular. Junto ao estudo da Língua, da Linguagem e da Literatura Brasileira foi pensada uma discussão sobre a questão de políticas públicas que envolvem a crise da nossa educação e a importância de se pensar tal crise como projeto político.

Pesquisar sobre a Língua Portuguesa nos dá subsídios para entender sua constituição e como esta ajudou na produção de cidadania como conceito e como prática. Se nossa sociedade tem a escola como instituição fundamental para a formação de sujeitos e de sujeitos cidadãos, resta-nos questionar o processo de ensino das escolas que os formam.

Aqui, trazemos a possibilidade de se pensar a educação junto à uma análise do ensino da Língua Portuguesa, assim como a língua como produção micropolítica[1], o que nos permite questionar como estamos educando, os objetivos desta educação, que sujeitos “produzimos” neste processo e de que maneira tais temas implicam na atuação de sujeitos ativos na construção cultural do país levando em conta tal projeto educacional (o que justifica a escolha do título do artigo).

O problema que surge para fundamentar o diálogo entre estes temas diversos é saber como o processo de análise da Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa pode ser um instrumento para a Psicologia atuar no território da Educação e nas instituições escolares e se essa atuação pode ser um instrumento de construção para um outro tipo de consciência e pensamento.

O objetivo geral do artigo é investigar como a análise da Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa pode ajudar na atuação da Psicologia no processo educacional de transformações subjetivas e sociais com uma prática voltada para cidadania. Seus objetivos específicos abrangem a análise de como a Língua Portuguesa no Brasil expressa e cria a realidade como diversidade e como a consciência dessa diversidade cultural produz subjetividades afetando o comportamento de sujeitos políticos e politizados. É, também, entender a função social da língua como produção de conceitos e invenção do real e como esta pode ajudar no processo de criação de uma consciência crítica para cidadania na educação. Pretendemos discutir e questionar políticas públicas que apóiam um ensino voltado para o vestibular que não cria uma consciência crítica da cidadania e a questão de um ensino como trabalho de criação e não uma obrigação mecânica que se repete. Por fim, objetivamos buscar na análise crítica de políticas públicas educacionais instrumentos de atuação da Psicologia no território da subjetividade abordando como tal política produz conceitos e realidades.

Esta pesquisa é de abordagem qualitativa definindo-se primeiramente como uma pesquisa bibliográfica de método dedutivo. Será analisada a Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa e dos Parâmetros Curriculares Nacionais abrangendo um aprofundamento teórico sobre o que se ensina com a Língua usada em nosso país. Saber o que se ensina, como se ensina, para quem se ensina e para quê se ensina sendo analisado a didática dos professores e os Parâmetros Curriculares Nacionais também nos dá uma visão de que realidade é passada dentro da sala de aula.



[1] * Micropolítica é a política gerada no plano da cartografia, onde há apenas intensidades e não individualidades, os processos marcados aqui são devires que correspondem à singularidade, é como um rizoma, é um plano que faz ao mesmo tempo que seu processo de composição. (ROLNIK, 1998)

Nenhum comentário:

Postar um comentário