segunda-feira, 19 de julho de 2010

EDUCAÇÃO E PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADE

“A professora não se questiona quando interroga um aluno, assim como não se questiona quando ensina uma regra de gramática ou de cálculo. Ela ‘ensigna’, dá ordens, comanda” (DELEUZE, GUATTARI, 1997).


Falar de produção de subjetividade é deixar de lado qualquer noção transcendente ou de natureza pré-social da subjetividade. Esta é um constante processo social e histórico, um devir. A subjetivação nunca está acabada e se constitui num processo contínuo que se modifica no decorrer da história onde o sujeito transforma sua identidade. (PRATA, 2005)

A instituição escolar faz parte desta produção sendo um lugar fundamental na constituição da subjetividade. A escola é também atravessada e marcada por configurações sociais “definindo” o sujeito através das suas relações de poder seja pela forma como concebe a aprendizagem ou como transmite o saber. Esta instituição foi marcada, entre outras, pela disciplina, objetivando a criação de corpos dóceis, eficazes economicamente e submissos politicamente. (Op. Cit.)

Prata (2005) cita que os padrões identitários estão ativamente presentes nas macro e nas micro-relações dos sujeitos. Se não há uma subjetividade transcendental universalizada válida para qualquer tempo e lugar, mas que se produz em determinado tempo, as regras transmitidas nas relações professores-alunos na escola, também se modificam. As regras se modificam assim como as formas de sujeição, sendo assim mudam também os processos de subjetivação. Um dos problemas das escolas na contemporaneidade é que há a produção de um outro sujeito com outras demandas e valores numa ordem despreparada para atendê-lo. Há construções de escolas idealizadas com velhas formas institucionais e geridas para um tipo de sujeito sendo ocupada por outro.

O problema que surge, então, é de professores que fazem parte dessa nova produção subjetiva amarrado em discursos construídos na época em que foram educados. A escola pode reproduzir valores hegemônicos da sociedade, mas, é também sua função participar da transformação desses valores. (PRATA, 2005)

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